sábado, 31 de agosto de 2013

Uma casa sem alicerces

Nos últimos anos, Luís Filipe Vieira e Jorge Jesus têm tentado conceber um projeto vencedor. Para isso, foi necessário investir em "caras novas". Nesse sentido, chegaram ao Benfica jogadores de elevada qualidade para o meio-campo e para a frente de ataque, já para a defesa o mesmo não se pode dizer, principalmente quando olhamos para as laterais. Os dirigentes encarnados olvidaram a impossibilidade de construir uma casa sem alicerces por três ocasiões consecutivas, insistindo em cometer os erros do passado. Mais uma vez, tudo poderá ruir por pura incompetência de quem comanda o dinheiro.


Se compararmos o plantel das águias com o do principal rival, o FC Porto, é óbvia a disparidade de qualidade entre ambos os plantéis no setor mais recuado. Na Invicta, muitos milhões foram usados para adquirir jogadores do calibre de Danilo (18M€), Otamendi (4M€ por 50% do passe), Mangala (6,5M€) e Alex Sandro (11M€), ou seja, 39,5 milhões de euros ao todo, para não falar de outros jogadores como Diego Reyes. E foi nesta estabilidade defensiva gerada por estes atletas que o futebol da turma azul e branca se baseou para arrecadar três títulos consecutivos. 

Mais a sul, muito dinheiro foi investido para os últimos 2/3 do terreno, sendo sempre privilegiado o ataque em detrimento da defesa. No entanto, não é por se praticar um futebol ofensivo que se pode menosprezar o trabalho defensivo. Antes pelo contrário: neste tipo de futebol, os jogadores mais defensivos, sempre atentos a possíveis contra-ataques, terão que ter velocidade, rapidez de pensamento e reação e saber ocupar o espaço, para além de também terem de ser capazes de criar jogo. 

Para a esquerda, a solução passou sempre por adaptações (Coentrão - único caso de sucesso - e Melgarejo) e contratações a baixo custo (Emerson e Cortez). É óbvio que a Cortez lhe falta muita coisa, tanto ofensivamente, tanto defensivamente. Para a direita, a Maxi começam a faltar as pernas (será devido à idade ou à sobrecarga física do uruguaio?), sendo já hábito ver "El Mono" a ser ultrapassado em velocidade pelos oponentes e obrigado a fazer falta. O lateral-direito de 29 anos sempre denotou dificuldades táticas, porém a sua raça e a sua rapidez ocultavam essas deficiências e chegaram a dar-lhe o rótulo de Top Mundial na posição (pelo menos, para alguns). Luisão também já não tem capacidade para estar a dobrá-lo constantemente, ao contrário de Garay, e, por isso, o Benfica até tem sofrido mais pela direita do que pela esquerda. 

No centro, encontro 4 jogadores de qualidade inegável (Garay, Lisandro, Luisão e Steven Vitória), porém, a falta de velocidade e uma certa apatia da dupla Luisão-Garay também têm causado alguns dissabores aos pupilos de JJ, principalmente no que às bolas altas e nas costas diz respeito. A aparente intranquilidade do guardião Artur Moraes também não tem ajudado, tendo o mesmo colecionado alguns frangos no decorrer da época passada. Talvez a concorrência de alguém como Oblak lhe faça bem e o obrigue a subir a parada.

Se fosse eu o treinador do clube da Luz, apostaria em André Almeida, Lisandro, Garay e Melgarejo (caso se confirme a sua saída para o Krasnodar, Sílvio), incrementando a velocidade e a inteligência tática nesta zona de campo. Como não o sou, é esperar para ver o que originarão estas opções do técnico amadorense.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Colabore connosco comentando e aumentando, assim, a diversidade de opiniões no nosso blogue. Não ativámos a moderação de comentários, porém, não ultrapasse os limites - comentários abusivos serão eliminados.