quinta-feira, 4 de julho de 2013

O que faltou a estes jovens?

Um sorteio favorável aliado à qualidade de alguns atletas - em geral, muito superiores a Nélson Oliveira e companhia, que, em 2011, atingiram a final desta competição - criava esperanças numa caminhada recheada de sucesso neste Mundial sub-20.


No entanto, após uma vitória sofrida frente a uma Nigéria bastante inferior à equipa das Quinas, um empate ridículo frente à Coreia do Sul e a eliminação nos oitavos-de-final perante o Gana, torna-se óbvio que as expectativas da turma de Edgar Borges saíram defraudadas. Mas, afinal o que falhou?

As boas épocas realizadas por Ilori, André Gomes, Bruma, Ricardo e o passado nas camadas jovens de João Mário, Agostinho Cá (o melhor dos lusos no Euro sub-19 do ano passado), Tiago Ferreira e Cancelo eram um bom augúrio para os lusos, mas, retirando o fantástico Bruma e as surpresas Aladje (FC Aprilia - Itália) e José Sá (Marítimo), quase todos aqueles que partiram para solo turco desiludiram.

É realmente difícil de engolir as exibições de Ilori, André Gomes e Ricardo ao longo deste torneio. Apesar de não ser fã do futebol de qualquer um deles por os achar demasiado "macios", sou forçado a admitir que fizeram épocas surpreendemente boas, tendo conquistado o seu lugar nos respetivos clubes a pulso e com trabalho duro. Nas cabeças deste trio de jovens ter-se-á, portanto, instalado uma mentalidade de "estrela", a avaliar pelo nível absolutamente banal com o qual nos presentearam nos últimos dias. Foi impossível avistar qualquer demonstração de agressividade, ambição e sacrifício em prol da equipa por parte de três dos futebolistas com mais experiência nesta seleção. Para nosso azar, este problema não residiu apenas nestes jogadores, tendo sido visível em praticamente toda a equipa.


Edgar Borges, que também havia falhado no Euro sub-19 de há um ano, também tem claras responsabilidades na péssima campanha lusa, neste campeonato do mundo. Não foi capaz de motivar os jogadores que teve ao seu dispor, falhou na convocatória (levou para a Turquia um único avançado e convocou atletas com uma quantidade demasiado diminuta de minutos jogados) e nunca foi capaz de acertar no 11 inicial, tampouco tentou corrigir os erros cometidos. Esgaio deveria ter sido titular em todas as partidas, André Gomes e João Mário são claramente incompatíveis (ambos foram absolutamente inúteis ao longo do torneio) e faltou sempre alguém que soubesse ocupar melhor o espaço no meio-campo. 

Fica outra crítica relativa às escolhas realizadas por muitos jogadores portugueses nos últimos tempos, tentando a sorte no estrangeiro, antes de terem uma oportunidade que seja no seu país. Mais uma vez, ficou demonstrado que este golpe empresarial tão habitual nos tempos que correm é, por norma, fatal. Depois de Danilo Pereira ou Mário Rui, ter-se-ão perdido, muito provavelmente, mais dois grandes jogadores - Iê e Cá. Barcelona fez muito mal aos dois jovens talentos nascidos em Bissau. Em boa verdade vos digo, estes não são o central e o centrocampista que no verão de 2012 partiram para a Catalunha. Iê falhou demasiadas vezes em termos defensivos, apresentando-se apático e com muita dificuldade em lidar com passes longos para as costas da defensiva nacional, e Agostinho foi inútil quer no processo defensivo, quer no ofensivo. Absolutamente banais!

Destaques positivos são, infelizmente, poucos. O jovem guardião do Marítimo, José Sá, foi uma agradável surpresa. Disse presente quando foi chamado a intervir e a sua exibição frente à seleção nigeriana roçou a perfeição, colecionando defesas impossíveis no decorrer da partida. Aladje, que já tinha demonstrado qualidade em Toulon, pode muito bem vir a ser o ponta-de-lança que os portugueses tanto anseiam. Apesar de ter estado muito mal na partida com os ganeses (falhanço incrível), conseguiu fazer alguns golos e mostrou sempre oportunismo. Também Mica, Esgaio (ambos pertencentes aos quadros do Sporting) e Tozé (FC Porto) se apresentaram a um nível decente. 

Todavia, o principal destaque tem de ir para Bruma. O jovem jogador do Sporting (a questão é: por quanto mais tempo?) tem tudo para ser um dos melhores do mundo. Velocidade não lhe falta, é igualmente muito tecnicista e foi, não raras vezes, o único a tentar inverter a tendência quando Portugal esteve mal. Com 5 golos em apenas 4 jogos, esperam-se sucessivas investidas dos "tubarões" europeus pelo leão de apenas 18 anos. Que Bruno de Carvalho se apresse a renovar com ele...

1 comentário:

  1. Faltou a experiência, o "calo", a união do grupo e sentido de responsabilidade. Faltou sobretudo um seleccionador mais capaz.

    Todo este conjunto de factores contribui em grande peso para a eliminação no Mundial.

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